A classe “C” sempre foi a maioria da população brasileira. Mas como essa classe nunca foi o alvo das grandes marcas, que ao invés de olhar com carinho para ela, sempre deu muito mais importante as classes “A” e “B”, as marcas “talibãs” entraram no mercado para suprir a necessidade natural da classe.
Entenda-se por marcas “talibãs” aquelas com produtos e promessas que fazem alusão às marcas de topo e entrega com baixa qualidade.
Depois de muito tempo dessa situação, com o aumento da renda da classe “C”, as marcas “famosas” resolveram se mexer.
No início, essas marcas/ agências não sabiam muito bem o que fazer com essa classe. Todos trabalhavam com informações desatualizadas sobre a classe. Logo perceberam que mudanças profundas nos hábitos, exigências, preferências, comportamentos haviam acontecido. Mas e agora, como atingí-los?
Mas enfim, o que mudou?
Hoje sabe-se que a classe “C” não quer mais as marcas “talibãs” (consequentemente essas marcas caíram para as classes “D” e “E”). Hoje ela também quer qualidade, da mesma forma que as classes “A” e “B”, ela sabe identificar o que tem ou não qualidade.
Com mais acesso ao crédito, a Classe C passou a investir em aquisições de maior valor: carros, computadores, lavadora de roupa, celular, móveis e eletro-eletrônicos das melhores marcas etc. Essas aquisições são encaradas por essa classe como um investimento sério. Por isso, a qualidade e confiança nas marcas são fundamentais.
Mas não podemos nos precipitar com as conclusões… Por exemplo, as mulheres da classe “C” gostam de coisas boas, gostam de estar na moda, mas tem uma interpretação muito particular para tudo isso e – em momento algum desejam ser apenas uma sombra de outros estratos sociais. Muito pelo contrário.
Uma pesquisa realizada em 2009 pela CO.R Inovação derrubou alguns estereótipos importantes. Mostrou por exemplo que hoje as mulheres da classe não cobiçam ser loiras, magras e terem 1,80 de altura.
“Ser igual as patricinhas...nem pensar! Somos poderosas! hahahaha” – frase ouvida nas pesquisas.
Procuram figuras femininas que tenham um pouco delas. A identificação está nas semelhanças e não nas diferenças. Ao contrário das mulheres de classe “A” e “B”, que na maioria das vezes procura roupas que não marcam muito sua silhueta, as da classe “C” querem mais é calças agarradas. Só assim poderão se sentir desejadas por onde passam – e ouvir aquele “fio-fio” na rua. “Quero ficar bonita e gostosa”, essa é a frase mais ouvida por essas mulheres.
Outra descoberta é que 80% das donas de casa da classe “C” acessam a internet diariamente e antes de comprar algo pesquisam sobre o produto nos sites dos fabricantes e comparam os preços dos produtos entre as lojas na web e fora dela.
Bom, poderíamos ficar horas aqui falando sobre esse assunto, mas a idéia aqui é apenas mostrar que no fim, isso tudo nos mostra que, ao contrário do que muita gente pensa, hoje em dia a Classe C é muito bem resolvida. As pessoas buscam inclusão social, mas não querem ser quem elas não são, não almejam copiar as classes mais ricas.
Simplesmente querem curtir a moda e viver a vida do jeito que gostam.
ENTÃO, SEGUINDO AS TENDÊNCIAS DE MERCADO, VAMOS NOS PREOCUPAR MAIS COM A CLASSE “C”, E JÁ COMEÇAR A PENSAR NA “D"…
Fábio Côrtes